1. TARDE DEMAIS.
TARDE DEMAIS. 16:57. Estação Brigadeiro. Subo as escadas e me deparo com a Avenida Paulista. O barulho da movimentação me obriga a aumentar o volume da música. Com três cliques no botão lateral do celular, abafei o resto do mundo. Sigo pelo mesmo lado da calçada, esperando o sinal abrir para os pedestres poderem atravessar. Observo os turistas no Mirante, testemunhando a Paulista ficar cada vez mais cheia de gente. Me dirijo ao prédio onde estão. O sinal amarelo alerta os carros e me preparo para atravessar, tentando me afastar das outras pessoas que também esperam os carros diminuírem a velocidade. Procuro algo para olhar, evitando o contato visual com os outros. Meu vício de checar as horas rapidamente surge quando tiro o celular do bolso. Fixo o olhar nas janelas refletindo o início do pôr do sol rosado. Ao meu lado, alguém começa a fumar, e eu ajusto minha máscara no rosto. Desde a pandemia, adotei o hábito de usar a máscara como uma proteção extra, não apenas para a saúde, mas t